domingo, 17 de outubro de 2010

Conselho

Mário Quintana aconselhou em algum lugar em seus 80 anos de poesia, que já não lembro: "Não dates as poesias".
A inspiração vem, assim como o rio, em grandes correntezas. E tem umas estiagens horríveis, que faz pensar que eu não sou eu em mim.
A saudade chegou apressada. Antes mesmo da distância. Um minuto de ausência e ela já é comigo. Fiel escudeira. Faz de cada dia um ano e deles mesmos vidas inteiras. só espero pela recompensa que o tempo a mim promete. Doce recompensa que fará valer e secar cada lágrima que já agora marejam os olhos. Precoces. Estúpidas. Insensatas. Não vêem que ainda não é chegada a hora? Que assim perdem todo o sentido? A beleza? Nunca percebem nada. Nunca me permitem perceber nada.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010


É um medo que vai, que fica,

escorre, corre, grita,

sai medo, fica.




Canção de nuvem e vento

Medo da nuvem
Medo Medo
Medo da nuvem que vai crescendo
Que vai se abrindo
Que não se sabe
O que vai saindo
Medo da nuvem Nuvem Nuvem
Medo do vento
Medo Medo
Medo do vento que vai ventando
Que vai falando
Que não se sabe
O que vai dizendo
Medo do vento Vento Vento
Medo do gesto
Mudo
Medo da fala
Surda
Que vai movendo
Que vai dizendo
Que não se sabe...
Que bem se sabe
Que tudo é nuvem que tudo é vento
Nuvem e vento Vento Vento!

(Mario Quintana)