quinta-feira, 11 de março de 2010

fragmento de uma loucura sem data

Acordo e recordo

Não pode ter sido um sonho.

Era real demais.

Palpável até...



Vou tentar acreditar que foi apenas um pesadelo...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Por esse e todos os dias

08 de março de 1908. Centenas de trabalhadoras da fábrica têxtil Cotton, NY, entraram em greve. Motivo? Conseguir uma redução da jornada de trabalho e o descanso aos domingos. Por não terem, apesar de todo seu esforço, tido suas solicitações atendidas estas mulheres trancaram-se dentro da fábrica. Houve um incêndio e todas elas morreram.

Esta é uma das possíveis histórias que deram origem ao dia internacional da mulher. De fato, foi escolhido, durante a Convenção de Mulheres Socialistas em 1910, o dia 08 de março. Muitas são as histórias relacionadas a este dia e que possivelmente motivaram esta escolha.

E cá estamos nós, em mais um 08 de março. Homenagens nas empresas, nos órgãos públicos, nos jornais, nas televisões. Nada contra as homenagens, pelo contrário, gosto muito de receber rosas, chocolates e parabéns. O que me preocupa é a simples redução do dia de hoje a uma festividade bastante comercial. Um dia marcado por lutas e conquistas de direitos, deveria suscitar a reflexão e o debate sobre as lutas que ainda precisam ser travadas. Conquistamos muitos direitos e não podemos nos acomodar. Lutemos pelos direitos de todos. Pela igualdade, pela redução da pobreza, pelo acesso a educação.

Gostaria então de desejar parabéns a todas as mulheres, e especialmente àquelas que lutam pelos seus direitos e pelos direitos de todos. Espero que as dificuldades que enfrentamos pelo caminho não nos façam desistir dos nossos sonhos e nos fortaleçam para lutar por nossos valores.

quinta-feira, 4 de março de 2010

é pau, é pedra, é o fim do caminho

Veio de repente. Feito onda em dia de ressaca no mar. Aliás, acho que é mesmo isso. Ressaca de sentimentos. Passa um tempo calmo, sem vento, sem chuva, dias de sol, tranqüilos e angustiantes pela falta de emoções. De repente começa uma agitação quase imperceptível. Os ventos mudam de direção. E tudo se revolta. Ondas de dois a três metros levando tudo que vêem pela frente. Muda o formato da areia. Muda os desenhos daquela praia já conhecida. A areia é a mesma, o mar é o mesmo, até o nome da praia continua igual, mas seria impossível dizer que nada mudou. Talvez seja a hora de deixar a ressaca vir. Deixar o mar revolto lavar as pedras e a areia. Renovar. Mostrar algo, descobrir, revelar. E até quem sabe se deixar levar. A areia sempre fica mais alva depois da ressaca. Que venham as águas de março.

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.

terça-feira, 2 de março de 2010

Paris

Já fazia anos que aquele amor ia e vinha. Tantos encontros e desencontros, que terminaram por resultar como outro qualquer. Um encontro. Um altar. Um vestido branco e um fraque. Dois sins.

Mas aquele amor não era como os outros, os quaisquer. Aquele amor era de curta metragem e não de tela de cinema. Lindo, intenso, vaporoso. A decisão, tomada de repente como todas as que os envolviam, não levou em conta essa característica. Aliás, não levou em conta nada que não fosse o amor do momento. Daqueles momentos. Que por durarem pouco mais que os outros tantos passados pareceu diferente e eterno.

Mas não sabiam já que todo amor era eterno? E que mesmo quando duas pessoas se amam diversas vezes cada um desses amores também o é? Mas quem é que sabe de algo quando está apaixonado? Ou ao menos pensa no que sabe?

Agora existia um vínculo. Algo ainda mais forte. Uma convenção, um papel, um elo de metal. Que tirava um pouco da leveza daquele amor. O vapor virava líquido.

Acontece que o vapor, por mais difícil que seja de ver, ou de prender, continua presente. Inspirado e expirado, continua ali. Vapor.

O líquido escorre. Pode ser aprisionado em uma garrafa e ali guardado para sempre. Mas pode escorrer, misturar-se com outras coisas e simplesmente perde-se. É fase de transição, entre vapor e solidez.

Não seria isso, porém, que tiraria a característica principal daquele amor, tornando-o constante. As idas e vindas não deixaram de existir. Apenas passaram a acontecer dentro do mesmo lugar e em um tempo diferente.

Porém, um dia, em meio a uma das idas, pelo menos da parte dele, veio a notícia. Um vínculo ainda maior os unia desta vez. E justo quando ele pensava em ir de vez, agora não poderia fazê-lo. Não era mais papel, não era mais o elo de metal na mão esquerda. Era carne. Era gente. Era ele mesmo. Que o obrigaria a não ir desta vez.

Ele precisou fingir-se feliz com a notícia e fazer crer que aquela ultima vinda não seria mais seguida de uma ida. A estabilidade lhe era exigida agora. E ele precisaria fingir, pelo menos por um tempo, que ela existia dentro dele.

Passaram-se os meses e fingir era uma tarefa que ele executava muitíssimo bem. Flores, presentes, comidinhas, exames, companhia. Tudo o que era necessário e ainda com um sorriso no rosto.

Ele, já cansado de fingir, esperava que chegasse o tempo em que isso poderia acabar e ele poderia ir de vez. Para não mais voltar. E chegou o dia. Depois de tanta dor, tanto choro, ele viu aquele sorriso. E depois de tantos meses surgiu nele um sorriso verdadeiramente espontâneo. Uma felicidade como as que há muito tempo não sentia. O rostinho iluminado, o som encantador e um alívio pairando no ar. Foi então que ele beijou-a com a intensidade de antes e percebeu que de tanto se comportar como um apaixonado ele se apaixonara por ela de novo.


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