sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Mais uma notícia por aqui....
Estreou ontem o novo espetáculo dos palhaços trovadores. "O mão de vaca" é uma livre adaptação da obra de Moliére "O Avarento". Tenho acompanhado um pouco deste processo de montagem pela rádio Cultura FM e estou ansiosa para ver o resultado final. Tem espetáculo hoje e amanhã, às 20:00h, no anfiteatro da Praça da República, gratuito. Sei que tem em outros fins de semana também, mas não tenho certeza de dias e horários.

Palhaços Trovadores foi o primeiro grupo a trabalhar e pesquisar a linguagem do clown em Belém do Pará, fazendo um trabalho voltado essencialmente para a valorização da cultura popular. Vale a pena conferir =)

O apagar do Fogo



Hoje ao ler o blog Entrelinhas do Luciano Assis descobri que a Banda "Cordel do Fogo Encantado" está encerrando carreira. A notícia me deixou triste e me trouxe a lembrança da primeira vez que ouvi a banda.
Eu com 14 anos, no carro da minha irmã mais velha Marina, na época com 18 e em seu primeiro ano de universidade. Achei aquela música "esquisita" e pedi a ela que tirasse. A "sys", como sempre, não só se recusou, como aumentou o volume e me fez ouvir várias vezes. Ainda Bem. Acabei gostando da banda e aprendendo a apreciar o trabalho deles. Um som diferente de tudo que já tinha ouvido, uma poesia linda. Tudo muito Brasileiro.
E agora me pego aqui, lamentando o fim da banda e não ter tido a oportunidade de ver um show deles ao vivo. E agradecendo a minha irmã por toda sua colaboração na minha formação, inclusive e principalmente, no meu gosto musical.


Pra quem gosta, ou quer conhecer, vai um videozinho de lembrança =)







terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Marta

Marta não era convencionalmente bonita. Tinha a pele branca de leite e os ossos grandes e afiados. Saboneteiras salientes e joelhos pontudos, era isso o que o encantava nela. E que mesmo com toda aquela magreza tinha um caminhar de moça com curvas.

Ele a via passar todos os dias. Acompanhava seus passos com olhar distante imaginando a vida que levava.

Devia ser garçonete, com aquelas pernas. Que embora finas compunham o conjunto perfeito de linhas e ângulos do seu corpo. Pernas de garçonete.

Mas, não. Ela de certo trabalhava em alguma daquelas livrarias charmosas de Ipanema. Tinha um ar sério e uma pele de quem só via a praia ao fim do dia. No caminho de casa, de dentro do ônibus.

Era solteira, morava com os pais no Botafogo e cursava letras. Devia estar na faixa dos vinte e três anos de idade.

Moça caseira, gostava de conversar, apesar de tímida.

Ele já a tinha visto por ali com algumas amigas, do trabalho com certeza. Muitas vezes trazia livros nas mãos. E quase sempre uma bolsa com ar de pesada a tiracolo.

Seus olhos, castanhos e pequenos, combinavam imensamente com seu rosto comprido.

Já fazia parte da rotina dele sentar-se em algum bar da Visconde para esperá-la passar. Suas expectativas eram por vezes frustradas, mas a ansiedade da espera e o prazer de vê-la, outras vezes, eram maiores.

Em um mês de setembro, quando o sonho já durava quase um ano, fazia duas semanas que Marta não ia nem vinha. Naquele fim de tarde ela apareceu, mais linda que nunca a seus olhos. E assim, o reflexo do Sol no aro de nobre metal dourado em seu dedo anelar esquerdo o fez acordar repentinamente de seu mais puro sonho.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Velhas parceiras e novas parcerias

Minha companheira de planos e sonhos Bárbara, ou simplesmente Bazinha, e eu começamos ontem uma nova parceria. Como sempre em um momento de entusiasmo e confluência de ideias pensamos em novos projetos, dessa vez para um tempo mais próximo. Espero que dê certo e que possa publicar aqui algum resultado disso.

Também decidi que preciso de uma revisão nos meus textos e pedi uma ajuda para minha amiga Bia - que desde os tempos de colégio sempre prestou mais atenção às aulas de português do que eu. Embora eu me esforce sei que cometo alguns deslizes com a complexa gramática de nossa querida língua. Sem falar nos erros de digitação.

Espero que as novas parcerias saiam dos planos e tragam melhorias e novidades por aqui.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A visita

Disseram-lhe que o amor não existia. Pelo menos não daquela forma pura que acreditava. E todas elas suspiraram dentro dela como num leito de morte. Joana, Cecília, Maria e mesmo aquelas que não tinham nome ou forma. Disseram-lhe que o amor não implica em fidelidade, em lealdade. Entregaram-lhe uma verdade pela qual ela não havia pedido. Tentaram acabar com seus sonhos de infância, em que o amor figurava no papel principal, muito mais importante que o tal príncipe encantado.

Ela quis fugir. Quis negar. Tentou usar a força do ultimo suspiro de cada uma delas para acreditar em si. Mas, a verdade lhe batia à porta com a crueldade do carrasco. Não adiantava fugir, mas também não havia a certeza. Ao abrir a porta era a dúvida que se apresentava de braços dados com a verdade. Por ser muito maior, e até reluzente, ofuscava um pouco a verdade fazendo-a parecer apenas uma sombra. E assim imperava.

Disseram-lhe que de uma forma ou outra ela saberia. Que o amor existe enquanto não se ama, enquanto não se consuma. Falar de amor. Não existe coisa mais bela. Vivê-lo, porém, pode ser a mais dolorosa experiência. O amor não é sincero. O amor é egoísta e Camões um mentiroso. O amor traz consigo um desejo de posse inevitável. E para manter esta posse é capaz de atos que podem ser facilmente chamados de odiosos.

Ela conseguiu reunir em si alguma força para negar tudo aquilo e mandar aquela verdade embora. Sim, porque ela sempre soubera que existem várias verdades em face de um mesmo objeto. E decididamente não era aquela verdade que ela queria para ela. Em contrapartida, a sua antiga verdade não teve mais forças para sobreviver a tantas acusações. O sonho de criança se desfez como um castelo de cartas. Restaram as cartas.

Cabia a ela agora, com elas, construir um novo castelo, uma nova verdade. A dúvida, porém, permaneceu. E não parecia que iria embora tão cedo.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Um 2010 um pouco atrasado

Resolvi começar o ano. Finalmente. Um pouco mais tarde que o convencional e fugindo um pouco do que tem sido o estilo desse blog, com um texto um tanto quanto pessoal. Digamos que esse ano pode ser um ano de maiores experimentações por aqui.

O início de ano foi ótimo. Tirei umas férias de verdade, das quais estava mesmo precisando. Viagem em família e tudo o mais. Pouca internet, muitas leituras, muitos filmes, muitos lugares novos e alguns já meio batidos, mas com experiências novinhas, com gosto de ano novo. Para completar o atraso ainda tive que tirar uns tais dentes do juízo que custaram um pouco pra sair. Sabe-se lá o que vem por aí sem eles. E ainda uma obra aqui em casa que me deixou sem internet...

Mas depois desse tempo é hora de recomeçar. Tenho alguns planos novos, sim adoro planejar, além de ter mantido e reforçado alguns velhos. E comecei a me aventurar um pouco mais com a escrita. Não diria que está melhor, mas algumas diferenças. Talvez não poste com tanta freqüência e quando postar os textos podem parecer meio incompletos. É que tenho tentado não esgotar as idéias. Talvez alguns sejam meio grandes. Escrevi algumas coisas nas férias que não devem terminar em uma página, mas que talvez queira postá-las assim mesmo. Não, não me tornei tão pretensiosa a ponto de achar que estou escrevendo um livro ou algo assim, só experimentando textos maiores e talvez menos autobiográficos, embora alguns ainda mais pessoais. Mas, dificilmente vou deixar minhas “epifanias”, como apelidou carinhosamente uma amiga esses meus textos que vem do nada na cabeça e que eu começo a escrever desesperadamente no bloquinho que anda comigo.

Tenho sentido a necessidade, também, de algumas vezes escrever algo mais pessoal, sobre algumas experiências. Principalmente sobre o que ando lendo e assistindo. É que às vezes fico tão entusiasmada com um livro, um filme, um lugar, que tenho vontade de dividir isso com quem tiver interesse. Para isso vou dar uma organizadinha por aqui, colocar umas marcações decentes e etc. Bora ver se dá certo...Espero que sim!

De resto, um feliz 2010 para todos nós. Que nele continuem as amizades, o amor, a inspiração, a espontaneidade. Que não percamos a capacidade de sonhar e de realizar sonhos. Que tenhamos forças para lutar por nossos valores, perseverança para mudar a sociedade em que vivemos e fé, sempre.

“Em matéria de viver, nunca se pode cegar antes.” A paixão segundo G.H. – Clarice Lispector