quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Depois dela.

Depois dela veio a chuva. Um dia inteiro de céu fechado, tarde escura e tristes nuvens cor de chumbo. Molhavam a cidade naquele dia quente deixando o clima abafado e úmido. Angustiante. Aquele cheiro de terra molhada pairava no ar. O som era o das gotas pesadas chegando ao chão e à janela de casa junto com as vozes das crianças que brincavam. Enquanto ela...

Chegou a noite, mas a chuva não foi. Encobriu a Lua e dela não se viu nem um raio de luz. E já era quase lua cheia. As nuvens, agora púrpuras, formavam um espesso cobertor através do qual nada se via, nem Lua, nem estrela, nem esperança. E ela durava.

Chegou a manhã, ainda com algumas nuvens persistentes derramando delicadas gotículas que já não caiam com a força do dia anterior, mas com a leveza característica das últimas gotas de um temporal. O som era de nada. Um som de nada gostoso que só se ouve em dias como esse.

Foram surgindo os primeiros traços de sol. Refletindo nas ruas molhadas. Aquele cheiro de depois da chuva inconfundível que nos dá a certeza de que passou. Os sons da cidade voltando, expulsando, ou abafando, aquele som de nada tão bom. Chegou finalmente o dia. E ela passou.

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