segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Tempo

Não foi por ela, nem por mim. Foi por ele mesmo que ele se perdeu. Apaixonou-se perdidamente pela beleza da moça. Olhos brilhantes, cabelos ao vento, aquele caminhar de quem anda sobre nuvens. Ele foi.

O coração cheio de amor para dar e amores para chorar. Era o que ele queria. O que sempre quis. Um furacão. Ela veio. E foi difícil. Tempestades e ventanias eram mais freqüentes que as belas noites de lua cheia. Mas ainda assim estava bom. Assim os olhos não ficavam secos e o coração mantinha-se sempre aquecido pelo fogo de tudo em volta.

Terremotos. Acompanhados de fogo e principalmente, calor. O clima mudava com uma freqüência inacreditável. Mas sempre como ele quis. Era um ir e vir. Beijos e carícias e despedidas. E velas. E voltas. E braços. E pernas.

Veio um vento forte. Dias, dias e dias. Quando as árvores já quase não tinham folhas, começaram a se apaziguar. Uma paz. Tranquilidade. Os olhos dela ainda brilhavam. As curvas já não eram as mesmas é certo. E as palavras agora eram doces. As formas arredondadas. O vestido mais curto. O vento transformou-se em brisa. Que continuava a soprar os mesmo cabelos.

Mas já não eram os mesmos. Não para ele. Não para quem viveu. O sol com seu brilho discreto, por trás de nuvens de aquarela. Com aquele arco-íris que deveria significar o início. Não dessa vez. Mais uma vez ele se perdeu. Para si mesmo. Porque já não era mais. Não suportaria viver com os olhos secos e um sorriso no rosto, nem para sempre, nem por um dia.

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