sábado, 28 de novembro de 2009

Fragmento

- Essa atmosfera toda é só minha?

Ela perguntou do meio de um daqueles olhares eternos. Pegou-o despercebido. Tirou-o do meio de si, do meio de uma rereflexão.

- Não. E sim.

O mais estranho era que os dois ainda se entendiam. Mesmo depois de tanto tempo a atmosfera ainda era a mesma e ao mesmo tempo não era. E ao mesmo tempo era outro universo. Longe, longe.

Pesava. Não como um peso de pedras, ou mesmo de livros. Sim, porque mesmo uma tonelada de pedras pesa diferente de uma tonelada de livros. Mas não. Era peso de pensamento. Peso de consciência. Peso de culpa. Peso de tudo junto. E veja que peso de consciência não é consciência pesada e nem tudo mais.

Pesava sobre os dois, daí o Não. E de maneira diferente, o Sim. Mas, ele sentia o peso. Talvez mais até.

-É estranho. Não?

Foi uma espécie de complemento que ele jogou no ar. Não tinha como discernir se bom ou ruim, afinal peso é peso. É medida, não é valor.

-Nada. É isso que é.


Em 26.11.2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário